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Por que o disjuntor desarma?


Entenda o funcionamento antes de buscar a solução.

Por que o disjuntor desarma?

Sabe aquele momento em que a luz da sua casa apaga quando o chuveiro e outros equipamentos estão ligados? Ao checar o quadro de energia, você encontra um disjuntor desarmado. Antes de pensar que há algo errado, é importante entender que o disjuntor está ali justamente para evitar problemas maiores. Neste artigo, vamos começar entendendo como esse dispositivo funciona, para só então listar os principais motivos pelos quais ele desarma.


O que é um disjuntor?

O disjuntor é um dispositivo de proteção que atua automaticamente quando detecta uma sobrecarga (aumento súbito da corrente) ou curto-circuito no circuito elétrico. Sua principal função é proteger os cabos e os equipamentos contra falhas na rede elétrica.

E como ele atua? A maioria dos disjuntores utilizados em instalações residenciais e comerciais são do tipo termomagnético, ou seja, contam com dois modos de atuação: térmico e magnético.

Disjuntor termomagnético

Atuação térmica e magnética

atuação magnética ocorre de forma instantânea, quando há um pico de corrente muito acima da capacidade do disjuntor — como em um curto-circuito. Nessa situação, o campo magnético gerado pela corrente aciona uma bobina interna, fazendo com que o disjuntor desligue imediatamente.

Já a proteção térmica entra em ação quando há uma sobrecarga prolongada. O aquecimento anormal dos condutores, causado por correntes elevadas ao longo do tempo, afeta um componente interno chamado bimetal. Esse componente se deforma com o calor e faz o disjuntor desarmar, interrompendo a corrente.

Bimetal em disjuntores

Vale lembrar que a temperatura ambiente influencia diretamente no funcionamento do disjuntor. Por exemplo, um disjuntor de 40A pode ter sua capacidade de condução reduzida para cerca de 32A se estiver em um local com 70 °C. Isso significa que ele pode desarmar mesmo sem ultrapassar a corrente nominal especificada, dependendo das condições térmicas.


Corrente nominal e curva de disparo

Todo disjuntor tem uma corrente nominal (ex: 10A, 16A, 20A…) que representa o valor máximo de corrente que ele pode suportar continuamente, sem desarmar. Se esse valor for ultrapassado, o disjuntor começa a “contar o tempo” para que a atuação ocorre..

Por exemplo, analisando a curva de disparo dos disjuntores termomagnéticos da linha N3 da Metaltex, com curva C, se tomarmos o disjuntor de 10A, vemos que ao atingir 30A, ele desarma em cerca de 5 segundos.

Curva de disparo

Tipos de curvas de atuação

Disjuntores não desarmam todos da mesma forma, como vimos anteriormente. As curvas de disparo determinam a sensibilidade à corrente, e cada tipo é ideal para uma aplicação específica:

  • Curva B: desarma com correntes de 3 a 5 vezes a nominal. Ideal para instalações residenciais e circuitos com cargas leves.
  • Curva C: desarma com 5 a 10 vezes a corrente nominal. Usada com cargas indutivas (como motores e chuveiros).
  • Curva D: mais robusta, para equipamentos que exigem picos altos na partida, como motores industriais.

Essas curvas garantem que o disjuntor não desarme à toa, mas também que ele reaja rapidamente em caso de risco.


Agora sim: por que o disjuntor desarma?

Agora que você entende o básico sobre como o disjuntor funciona, fica mais fácil compreender os principais motivos que fazem ele desarmar. E acredite: o problema nem sempre está no disjuntor em si.

1. Sobrecarga elétrica

sobrecarga

Esse é o campeão de reclamações. A sobrecarga acontece quando você liga mais aparelhos do que o circuito suporta. É como tentar encher um balde com uma mangueira de incêndio: uma hora transborda.

Exemplo prático: colocar ferro de passar, chuveiro elétrico e micro-ondas no mesmo circuito. O disjuntor detecta que a corrente está maior do que o limite e desarma para evitar que os fios superaqueçam e causem um incêndio.


2. Curto-circuito

É um problema mais sério e ocorre quando há um contato direto entre os fios fase e neutro (ou entre fases), geralmente por falha na instalação, fio derretido, tomada mal encaixada ou até um eletrodoméstico com defeito.

O disjuntor desarma imediatamente porque a corrente dispara — e se não desarmasse, o risco de incêndio seria altíssimo devido a grande circulação de corrente, gerando grande calor pelo efeito joule.

3. Problemas no próprio disjuntor

disjuntor vida útil

Embora raro, o disjuntor também pode apresentar defeitos com o tempo. Isso ocorre devido a vida útil que o aparelho apresenta, com base na sua folha de dados técnicos (datasheet). Sendo assim, possa ser que o mecanismo interno esteja travando ou que a calibragem esteja imprecisa, fazendo com que ele desarme sem necessidade.

Se ele desarma sem motivo aparente, vale a pena chamar um eletricista para verificar se não está na hora de trocar o disjuntor.

4. Instalação elétrica mal dimensionada

Se os disjuntores da sua casa desarmam com frequência, pode ser que a instalação não esteja preparada para a quantidade de equipamentos que você tem hoje. Isso é comum em casas antigas que passaram por reformas e foram ganhando novos aparelhos sem a devida atualização da rede elétrica.


Conclusão

Se o disjuntor desarma, não ignore. Ele está cumprindo o papel de te avisar que algo está errado. O ideal é identificar a causa com ajuda de um profissional qualificado, especialmente se o desarme for constante.

01/08/2025